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Roquette-Pinto: o pai da radiodifusão no Brasil e seu legado duradouro

Ele enxergou no rádio um instrumento para educar e democratizar o conhecimento


Foto: Reprodução

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No dia 18 de outubro de 1954, o Brasil perdia Edgard Roquette-Pinto, médico, antropólogo e educador, reconhecido como o "pai da radiodifusão" no país. Ele foi responsável por inaugurar um dos meios de comunicação mais poderosos e acessíveis da história brasileira. Com uma visão inovadora, Roquette-Pinto enxergou no rádio um instrumento para educar e democratizar o conhecimento, principalmente em um país marcado por grandes desigualdades sociais e regionais.

Nascido em 25 de setembro de 1884, no Rio de Janeiro, Roquette-Pinto trilhou um caminho multifacetado em sua carreira. Formado em medicina, ele logo se aventurou pela antropologia, participando de expedições importantes ao lado do Marechal Cândido Rondon. Durante sua jornada pelo Brasil, especialmente na região amazônica, teve contato com povos indígenas isolados, o que o levou a escrever "Rondônia", uma obra etnográfica que o consagrou na Academia Brasileira de Letras em 1927.

O ponto de virada em sua trajetória ocorreu em 1922, quando foi apresentado à radiodifusão em uma feira internacional realizada durante as comemorações do Centenário da Independência. Encantado pelo potencial educativo do novo meio, Roquette-Pinto fundou, em 1923, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, primeira emissora do país, com o objetivo de utilizar as ondas do rádio para propagar conhecimento científico, cultural e educativo para a população.

Para garantir que sua emissora se mantivesse fiel a esses princípios e não se transformasse em um veículo comercial, Roquette-Pinto doou a Rádio Sociedade ao governo brasileiro em 1936, dando origem à atual Rádio MEC. A emissora mantém até hoje sua vocação educativa e cultural, sendo reconhecida por sua programação dedicada à música clássica e à valorização da cultura nacional.

Roquette-Pinto também é lembrado como o fundador da primeira revista dedicada ao rádio no Brasil, a "Eléctron", e pelo seu papel pioneiro no uso do rádio como ferramenta pedagógica, um conceito que ele chamava de "a escola dos que não têm escola". Sua visão moldou o caráter das emissoras públicas no país, servindo de inspiração para o surgimento da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que gerencia a Rádio MEC atualmente.

Além de seu legado na comunicação, Roquette-Pinto foi um dos primeiros defensores da popularização do cinema educativo e da inclusão de todos os brasileiros, independentemente de cor ou origem, no processo de desenvolvimento nacional. Apesar de seu envolvimento com o movimento eugenista da época, ele defendia que negros e mestiços deveriam fazer parte do projeto de "aperfeiçoamento" da nação.

Mesmo com sua morte, aos 70 anos, em 1954, o legado de Roquette-Pinto permanece vivo. Suas contribuições continuam a ecoar nas ondas do rádio e no compromisso das emissoras públicas com a educação e a cultura. Ao celebrar os 140 anos de seu nascimento, o Brasil reconhece a importância de suas ideias visionárias e o impacto duradouro que ele teve na construção de uma radiodifusão mais inclusiva e educativa.

Com informações da Agência Brasil, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e registros da Academia Brasileira de Letras.

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